quarta-feira, 17 de junho de 2015

ROMERO DÁ SHOW! UM SONHO REALIZADO!

 Grisalho, como penugens de ganso, não de Alexandre. Olhos azuis, como a lagoa do filme que sempre passa na Sessão da Tarde. Bigode estiloso, tipo mustache, um belo toque francês. Mãos longas de violinista, pianista e tecladista. Dedos macios, de quem tem bom toque. Orelhas grandes, mas assim... nem tanto. Nariz empinado, mas não convencido de ter nascido numa face como aquela; de Romero da Silva, o assistente de marketing que sonhava em ser apresentador de um programa de TV.
 Como um cara, ainda mais nesse nível, chutando perto, de uns duzentos anos... conseguiria ser um egípcio gentil (DaNILO GENTILli)? Essa era a pergunta que seus amigos, nem tanto assim;  faziam para ele. Dizia que, se tivesse nascido para aquilo, seria aquilo, num dia do acaso, ou aquilo.
 Cinquenta e seis anos, ele tinha de ir atrás disso logo, senão... as botas seriam jogadas do octógono.   Foi atrás de uma emissora que estivesse com um horário "vago", onde usava para fazer coisas toscas e bobas. Foi na rede BANDO, que passava, na maioria do tempo, documentários sobre animais; mas havia um horário que não era pra isso...
  Era desse horário que da Silva precisava, dessa oportunidade, desse Show do Milhão, desse Mega Senha, desse bilhete premiado... Não perdeu o tempo, afinal, haviam muitos outros pensando o mesmo que ele, enfim... quem é ele no jogo do bicho? Seria o 14 (Gato)?
 Eu, narrador dessa estória de vida, tenho que admitir algo. Romero era bonito demais, um galã, talvez seria ele o-tal-dito-cujo-do-jogo-do-bicho.
 Número 204, por favor, entre e sente-se.
 - Olá, meu nome é Romero da Silva. Não farei aquela apresentação clichê, que mostra um lado simpático e carismático. Simplesmente, serei eu mesmo. - falou com clareza, diretamente, prontamente, antes  mesmo do entrevistador falar um "A".
 - Á (sim, ele disse isso, não fale que foi pra ser engraçado)! Era de um cara desses que precisávamos, venha conosco... Fátima, pode mandar o resto embora, esse aqui é o Gato (revira-volta, não é mesmo?) - disse no mesmo tom e modo de Romero, só que um pouco mais suave.
 - Bom... - não aguentava, estava chorando- agradeço a imensa oportunidade, sabe... é meu sonho!
 - Eu que agradeço. Dizem que quando você quer, faz bem, não é mesmo? - carismático, puro, de raça, nascença.
 - Pois é. Mesmo já tendo passado, não posso garantir a minha vaga, tenho de fazer o teste, né? Aquele, pra saber se falo be...
 - Nem precisa... com suas breves palavras, sei que você irá se sair bem. - interrompeu majestosamente majestoso, falando com toque profissional.
 Emocionado, da Silva começou a chorar, não acreditara no que ouvira, tão simples assim? Teria um desafio pela frente? Uma prova surpresa? Qual seria o nome do progra...
 - Ei, narrador! Essa é a minha pergunta! Bom, Romero... Qual o nome do programa? Tem que chamar a atenção do público!
 - Toda essa responsabilidade pra mim? Bom, é... é... Romero dá Show!
 - Super natural, adorei!
 Sua vida não poderia estar melhor, quando...
 -Você estreia amanhã, às sete da noite.
 - Ei, é sério isso? E você narrador, vai deixar?
 Cláudiaaaaaa! No roteiro não fala que devo conversar com a personagem principal. Devo segui-lo?  Não vai responder? Tá, não me importo mesmo, não fui pago pra isso!
 Bom, eu, com toda certeza, não sou o narrador. Então, irei deixar sim, da Silva.
Ele estava mais que ansioso, aflito por outro lado, aquilo (sim, aquilo) transformou sua cabeça. Não sabia o que fazer, se iria se sair bem. Muitas emoções, desde raiva à angústia. 
 Dormiu pensando nisso, acordou pensando nisso, dormiu acordado pensando nisso, acordou dormindo pensando nisso. Cabeça cheia de pensamentos e roteiros, que ele bolava e buscava um jeito do show se tornar engraçado. Seu primeiro convidado...
 "Boa noite, pessoas da noite. Começa agora o primeiro Romero dá Show! com um entrevistado que dá um show! Fábio Porchaaaat; e não por café!"
 Risadas da plateia e aviso de áudio eletrônico para ele dizendo:
 "A audiência está fantástica, continue!"
 Ele já se sentiu confortável, não pela cadeira chique, mas sim, pelo carinho e carisma de Fábio, seu comediante e ator predileto. Além da plateia e sua banda, ele tinha até sua própria caneca e, por falar em caneca, foi ele que virou-a!
 Foi o momento mais importante de sua vida, mais importante do que seu salário altíssimo que recebeu após entrevistar vinte e sete pessoas!
 Não precisou mais ser assistente de marketing e depender de sua mãe. Ele começou a namorar, teve dois filhos, João e Ricardo, com sua futura esposa, Marceline.

 "VOCÊ NÃO ALCANÇA SEUS SONHOS POR CAUSA DOS OUTROS, ALCANÇA PELA SUA VONTADE DE IR ATRÁS!"

 Essa é a lição de vida que deixo com essa estória. Um grande abraço...
                                                                                                                                         Vitório Oliveira

2 comentários:

  1. Valeu, garoto! Demais a sua criatividade! Muito bom, mesmo! Mas, Marceline? hahahahaha

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    1. Tirando do mundo do desenho animado o nome :)
      Obrigado, tentei colocar um pouco de humor na estória
      Valeu!!!

      Vitório Oliveira aka. Jean White

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